Foi assim. Meu pai passou a sentir um zumbido no ouvido direito. Procurou diversos otorrinos e os diagnósticos foram variados: início de inflamação, possível labirintite e, até, o fato de ter passado dos cinqüenta (!). A medicação prescrita não fazia qualquer efeito, até que resolveram passar uma ressonância. E meu pai chegou em casa com um laudo dizia que ele tinha um neurinoma. Corri para internet e lancei a palavrinha em um site de busca. Tumor no cérebro. Meu mundo caiu e não tinha mais chão para pisar. Foi o um mês e meio mais terrível de minha vida. Busca por neurocirurgiões. Impressão de que o melhor ainda seria sempre o próximo a ser consultado. Quatro quilos perdidos nesse mês e meio. Apenas 6% dos tumores cerebrais se manifestam dessa forma. Não é maligno, mas fica em uma área super delicada. E eu senti muito medo. Quem me conhece sabe da minha relação de profundo amor, respeito e admiração com meu pai. Até que sentimos muita confiança no médico que viria a operá-lo. Dr. Gustavo. E marcou-se a cirurgia. Inicialmente para 19 de maio, mas remarcada, um dia antes, para o dia 26. Cinco dias depois de meu aniversário. E foi mesmo um presente... Que vocês nunca saibam o que é ficar em uma sala de espera por oito horas com o pai dentro de um centro cirúrgico. O pós-operatório foi doloroso e eu nunca vou conseguir tirar de minha mente meu pai tão fragilizado naquele ambiente frio de hospital, mas hoje ele se recupera da melhor forma possível. E, sabe, tudo isso foi terrível, mas me engrandeceu tanto. Hoje, dois meses depois, me sinto muito mais forte. E abençoada também.
julho 25, 2004